sábado, 9 de julho de 2016

UM CONTINENTE POVOADO PELO SEU GRANDIOSO AMOR!



 



Meu amado pai, por toda a minha infância e adolescência, ouvi constantemente as suas palavras sendo  proferidas como alertas e advertências para mim.
 
''Nenhum homem é uma ilha'', '' a morte de qualquer homem me diminui''.
 
E hoje, agora, percebo, tenho a plena consciência, o quanto você foi sábio em enfatizar sempre essas palavras de John Donne,  e ter as compartilhado comigo.
 
Na sua presença, pai, eu nunca fui uma ilha, e sim, um continente povoado pelo seu grandioso amor. E quando você morreu, um pedaço imenso de mim se foi, você levou consigo; e o quanto a sua morte me diminuiu.
 
Anos depois, nunca pensei que sua netinha querida me agraciaria com um livro tão especial e tocante desse escritor cristão...Uma dádiva divina, talvez, pra lembrar que está perto do sino tocar e prenunciar a minha partida também...
 


''[...] Quem não se curva ao ouvir um sino qualquer quando este toca para qualquer ocasião? E de fato quem pode removê-lo se aquele sino é a peça que o liga precisamente a este mundo? Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado; todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou até o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós. Ninguém pode chamar isso de um ato a favor do pesar ou algo emprestado do sofrimento, pois sabeis que não somos miseráveis o suficiente para termos pena de nós mesmos, mas devemos permanecer encantados pela nossa próxima morada, levando em conta o pesar de nossos vizinhos. Verdadeiramente não há cobiça justificável se agirmos assim; pois a aflição é um tesouro e é a cicatriz de qualquer homem que a possui. Nenhum homem que possui essa aflição sabe que não está preparado o suficiente para amadurecer e se colocar diante de Deus por ela. Se um homem carrega um tesouro em barras de ouro, ou em lingotes, mas não tem moedas cunhadas, sabe que esse tesouro não durará o percurso de uma viagem. A tribulação é o tesouro que existe na natureza do ser, mas não é a moeda corrente em uso para ele, exceto  se nós nos aproximarmos cada vez mais de nossa verdadeira casa e firmamento. Outro homem pode estar doente também, ter uma doença mortal, e sua aflição permanecer dentro deste como o ouro nas minas, mas mesmo assim não ter serventia para ele; mas esse sino que me traz aflição vai às profundezas e traz esse ouro para mim, e talvez pela consideração dos temores de um outro, largo-me à contemplação e sinto-me assim seguro de mim ao fazer de meu refúgio nosso Deus, que é de fato nossa única segurança''.
 
 
 

(Extraído do Livro: Meditações -- de John Donne, p. 104 e 105)









 

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